segunda-feira, 14 de julho de 2008

Trapo:

Mas quem é que me fala desse jeito?
Dessa palavra tão sua...
Que está do outro lado de mim?
Quem é
Me desperta assim de sim
Quem és que me contorcendo...?
E nem parece eu.
Que sou?
Um trapo...
Insubstituível e urgente e importante
E nenhum outro serviria para ajuntar-me do próprio esparramo...
Sou também o próprio trapo e o próprio estrapo que recolho...
Sou.
Preciso ser.
O sonho aveludado do trapo velho sou eu.
Sou eu o sonho e o trapo sou.
O que seria das despedidas...
das múmias...
Nefertiti
Das lágrimas...
dos lábios...
e olhos....
Da lepra
dos dias de sol sem sombra
E da moda...
Das cenas do cinema antigo...
O que seria dessas lembranças?
Se não fosse por essa textura esfiapada mal terminada romântica
Que sou?

Kisstangerina.
17.06.08 -00:32min

Um comentário:

Urbano Leonel Sant' Anna disse...

Kiss, tu conseguiste pintar com estas palavras uma nova versão da expressão "farrapo humano". Melodiosa, melancólica, jocosa, sarcástica, medonha e lírica. Esta é a minha Kiss dos contrastes, que às vezes parece esconder fragmentos de gilete e cacos de vidro na língua por trás dos doces lábios de pura sedução.